O Público, como já não lhe bastava torcer a realidade, agora, novidade de verão certamente, inventa notícias.
Resumidamente, um "membro da Casa Civil do Presidente" disse o seguinte:
"Como sabem? Será que os assessores do Presidente estão sob vigilância do Governo ou do PS? Como têm acesso a essas informações?". Para rematar: "Será que em Belém passámos à condição de vigiados?".
E da pergunta/desabafo (quiçá ironia) o Público conclui isto:
O clima psicológico que se vive no Palácio de Belém é de consternação e a dúvida que se instalou foi a de saber se os serviços da Presidência da República estão sob escuta e se os assessores de Cavaco Silva estão a ser vigiados, confessou ao PÚBLICO um membro da Casa Civil do Presidente.
Claro que este último parágrafo (a conclusão, ou melhor a suspeição subjectiva) abre a notícia. O facto encontra-se escondido no 9º parágrafo.
Isto tá lindo, tá.
Wednesday, August 19, 2009
O inventor de notícias
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Campanha para quê?! Vai à sorte.
O Público, na sua ânsia de "malhar" no PS (onde é que já ouvi esta expressão?) puxa para o topo do seu site a notícia que o PS vai gastar mais dinheiro que os outros partidos na eleições.
Parece-me óbvio que vai gastar mais. Como nas últimas eleições parlamentares teve mais votos agora recebe mais do estado.
Mas à escondida indignação do Público chegam-se também os comentadores de serviço à frente: a maioria estão contra os gastos nas campanhas eleitorais. Ok. Boa ideia. Mas agora como se decide em quem se vota? É estilo clube de futebol, herda-se a preferência política de pais para filhos? Ou vota-se por sorteio? A democracia (como qualquer outro regime) tem custos. Antes estes que outros.
Wednesday, August 05, 2009
Passos Coelho out, Pacheco in
A Manuela Ferreira Leite (MFL) vai-se-lhe caindo aos poucos a máscara. As pessoas têm memória curta, já não se lembram dela enquanto ministra da educação do Cavaco, nem mesmo como ministra das finanças do Durão Barroso.
MFL faz listas de deputados como o seu mentor Cavaco fazia governos; isolas-se e não houve ninguém.
E por falta dessa memória vão-se surpreender quando perceberem que em termos de arrogância e má educação o Sócrates é um menino ao lado desta senhora.
Mas dá sempre gosto ouvir as versões "oficiosas" dos apoiantes PSD; o Sócrates era arrogante, logo mau. MFL tem pulso de ferro, logo bom.
Eu confesso que não vejo diferença nenhuma.
Thursday, July 30, 2009
Obrar ou não obrar
Manuela Ferreira Leite (MFL) afirmou hoje que as obras públicas "são instrumentos de empobrecimento, não de enriquecimento".
MFL esquece-se (mas O Merdas não) que foi ministra num governo que ficou conhecido pela "política de betão". A esta hora tardia não me apetece ir buscar os números exactos, mas o investimento público até tem sido menor nos últimos anos (em percentagem do PIB) para conseguir reduzir o défice, resultando naquela acusação (que já não ouço há algum tempo) que não estamos a aproveitar os fundos europeus.
Ficava bem um pouco de contenção. Podemos falar em adiar certas obras, redesenhar umas e talvez, até, cancelar outras. Mas agora dizer que as obras públicas são instrumentos de empobrecimento é ridículo (para não lhe chamar populismo).
Thursday, July 16, 2009
A moda PT
Vem hoje no Diário Económico que a PT desaconselha uso de minisaia e ganga no emprego, num novo dress code apresentado aos funcionários.
Fazem bem. É que a PT aparentemente tem uns estudos que provam que as pessoas trabalham melhor quanto mais desconfortáveis se encontram vestidas.
Acho que há orientações válidas e outras patéticas. Por um lado não creio que seja correcto os trabalhadores irem de chinelos e calções para o posto de trabalho (só falta mesmo a toalha de banho ao ombro), mas daí a "desaconselhar" calças de ganga, mini-saias, sapatos de ténis, etc, é ir longe de mais.
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Thursday, July 09, 2009
Há uma pequena diferença
"A factura [da nacionalização do BPN] para os contribuintes será bem mais pesada do que se o Governo tivesse optado por recapitalizar [o banco] através de um envolvimento conjunto com os privados."
Meira Fernandes, ex-administrador da SLN/BPN, PÚBLICO, 9-7-2009
A (pequena) diferença é que tendo nacionalizado o banco, apesar de ser mais caro, o estado é agora proprietário de um banco. Se tivesse só injectado dinheiro era dono de porra nenhuma.
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Wednesday, July 08, 2009
É melhor aproveitar agora
Um "bando" de estivadores foi manifestar-se em frente à Assembleia da República. É melhor aproveitar agora, que quando o PSD for governo manda a polícia, não para os identificar, mas para lhes malhar no lombo. Ainda hão-de ter saudades do Sócrates.
No meio de tanta algazarra não se faz a mais pálida ideia porque se estão a manifestar. Mas talvez a ideia fosse mesmo essa...
Adenda: O Público modificou a notícia, acrescentando a lacónica nota: "Notícia substituída às 19h14". Substituida é de facto o mais correcto, uma vez que a nova é completamente diferente. Mas ao menos já não coloca ipsis verbis os insultos ao primeiro ministro. Acho que nunca tinha visto "filho da puta" escrito num jornal...
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Os cornos do Manuel Pinho
Os factos ocorreram há uns dias, a poeira já assentou e já há quem venha garantir que o homem até foi um bom ministro.
No meio disto tudo continuou sem resposta a minha dúvida principal, o que queria o ministro dizer com aquele gesto? Estava o ministro (1) a dizer "eu é que sou o diabo?!", (2) saberá ele algo sobre um comportamento menos próprio da mulher do Bernardino Soares ou ainda, como já ouvi dizer, (3) estava a tentar colocar umas orelhas de burro, mas estas escorregaram-lhe para a testa?
Demitido o homem, ficará para sempre a dúvida. A certeza que fica é que mais uma vez demitiu-se um ministro pelos motivos errados. Temos uma oposição que fica contente com cada "baixa" do governo, qualquer que seja o motivo. Rejubilam com a queda do ministro quer esta seja por demonstrada incompetência, por colocar uns cornos no parlamento ou por ter morrido de cancro terminal. Tanto faz.
Ou talvez não. Afinal colocar dois indicadores em riste, em frente da testa é extremamente ofensivo. Ao contrário do que se passou há uns meses, em que um deputado do PSD mandou "p'ró caralho" um deputado do PS, seguida de uma oferta de porrada "lá fora". Isso aí já é perfeitamente normal.
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Conclusões da (primeira?) comissão de inquérito ao BPN
O Jornal i (ou como o Ricardo Araújo Pereira diz "o jornali") publicou um resumo (bastante extenso) do relatório final da comissão de inquérito.
Numa primeira leitura parece-me que o relatório final relata o que no meu entender foi "apurado" na comissão (pelo menos na sessões que eu assisti em directo e das outras, do que foi escrito nos jornais), uma vez descontadas todas as politiquices efectuadas pela oposição:
1. O BdP esteve activamente a acompanhar o BPN, e encontrou muitas regularidades, muitas das quais foram sendo corrigidas (formalmente, pois muitas foram simplesmente escamoteadas);
2. O BPN foi banco mais directamente inspeccionado, apesar do banco representar no sistema nacional apenas entre 1% e 2% (entre 2001 e 2008);
Assim se desmonta a tese que o BdP nada viu. Aparentemente viu muito. Agora quanto à parte de que nada fez:
1. O BdP exigiu ao BPN rácios superiores do que exigia a todos os outros bancos;
2. O BdP exigiu aumentos de capital de 800 milhões de euros;
3. O BdP exigiu abatimentos a fundos próprios, por excesso de risco;
4. Obrigou a consolidação nas suas contas de empresas que apesar de formalmente (e legalmente) não pertencerem ao grupo SLN/BPN tinham accionistas comuns;
5. Foram aplicadas coimas, resultados de processos de contra-ordenação;
Parece-me que também algo foi feito. Mas restava a teoria de que podia ter feito mais, ora:
1. A substituição da administração está no REGICSF apenas consagrada "quando uma instituição de crédito se encontra em situação de desequilíbrio financeiro, traduzido, designadamente, na redução dos fundos próprios a um nível inferior ao mínimo legal ou na inobservância dos rácios de solvabilidade ou de liquidez, devendo fixar um prazo para a sua aplicação ou duração", ora os rácios foram repostos com aumentos de capital impostos pelo BdP aos accionistas (SLN);
2. As auditorias internas e externas nada apuraram (o BdP depende destas auditorias para exercer a supervisão);
3. BdP foi submetido, em 2006, a uma avaliação pelo Fundo Monetário Internacional que elaborou um relatório dessa extensa auditoria – FSAP (Financial Sector Assessment Program). Essa avaliação do BdP mostrou-se positiva.
Quanto à questão da nacionalização, ninguém se preocupa muito com isso, porque na altura todos os partidos eram a favor. O momento era de absoluto pânico, e o governo actuou como qualquer outro governo teria actuado. A falência do banco eventualmente teria tido custos superiores à da nacionalização, mas a comissão não perdeu tempo com minudências, como apurar custos (efectivos e potenciais) de todas as alternativas. O deputado Nuno Melo ainda tentou mandar as culpas da falência para cima da segurança social (na audição ao ministro das finanças), acusando-os (sem provas, ele próprio classificou de boatos) de um levantamento de 400 milhões de euros no meio da corrida aos depósitos do BPN. Fez esta acusação 3 vezes nessa audição. Preferia Nuno Melo que as pensões não fossem pagas nesse mês? Ficámos sem saber.
Oposição contra o relatório, partido do governo a favor. Grande comoção em alguma comunicação social, com o PS a ser acusado de fascista para cima. CDS quer já uma segunda comissão (se for como Camarate temos de ter 13, até que alguém diga "vá, leva lá a taça, foi atentado). No mínimo caricato. Como disse o deputado do PS da comissão "se o partido da maioria aprova o relatório isso é anti-democrático, só seria democrático se aprovado pela minoria parlamentar."
Bem, quanto se quer "lixar" o Governador do BdP, tudo vale. Uns porque foi secretário geral do PS, outros porque mandou um balde de água fria sobre o Bagão Felix quando o "acusou" de aldrabar as contas do défice. Não há racionalidade nisto, nem tentativa de compreender coisa alguma, só baixa política.
No final disto, quando os Melos forem para a Europa, e os detalhes se perderem, só ficaram alguns dos momentos mais marcantes. O cérebro (e a alma) só aguenta ficar com algumas, esparsas, memórias (quem aguenta mais do que isso?), e o momentos que eu vou reter vão ser três:
1. chocante a forma como Vítor Constâncio foi tratado, especialmente se comparármos com o tratamento tratado ao Oliveira e Costa;
2. irritante a declaração final do deputado do BE, João Semedo, no final da última vez que Constâncio foi à comissão. Depois de umas dez horas de "interrogatório", o deputado reclamou que não teve direito a uma segunda ronda de perguntas. Foi-lhe respondido por Maria de Belém, que ele não se encontrava na sala na altura da inscrição para uma segunda ronda. A reposta não se fez esperar: "Protesto, eu não sou obrigado a estar aqui o tempo todo!". Foi uma falta de respeito, uma vez que o "inquirido" teve de estar lá o tempo todo, enquanto os deputados iam dar conferências de impressa, jantar, fumar um cigarrinho e depois voltar a meio, para fazer exactamente as mesmas perguntas que já tinham sido feitas pelo deputado anterior;
3. rapidez com que o deputado Nuno Melo perdeu todo o seu capital de simpatia. Em 3 messes o quee Sócrates conseguiu em 3 anos. Passou de sério e directo para irritante e impertinente.
Só para finalizar, toda esta estratégia do PSD e CDS de vingança pessoal ainda lhes poderá custar caro. Se o PSD ganhar estas eleições, precisará certamente do CDS numa coligação governamental, e Constâncio ainda será governador do BdP até 2011. Teremos então a certeza que o BdP vai dar às contas do estado de 2010 a atenção que estas merecem.
De volta?!
Talvez. Não sei. Apetece-me escrever. Vamos ver quanto tempo aguento isto.
Para já, cara lavado. Novo layout, fresquinho.
Novo estilo, também. Espero. Olhando para trás acho que me excedi demasiadas vezes. Há coisas que escrevi das quais me envergonho mas que fazer? Revisionismos não. Pedir desculpa também será excessivo, quem foi insultado merecia-o na altura.
Enfim, um novo recomeço sem apagar o passado.
Vamos lá ver o que isto dá.