Saturday, February 28, 2004

Transgénicos

Cientistas desconfiam que um campo de milho transgénico está na origem de febres, doenças respiratórias e alergias detectadas numa povoação das Filipinas, noticia o Guardian. Testes preliminares mostram que 39 aldeões desenvolveram anticorpos contra o pesticida introduzido na sequência genética destas plantas.

A Monsanto desmente, claro. Impossível, dizem. Essa do impossível já não me convence, nem devia convencer ninguém, depois de terem dito que era impossível a BSE passar para humanos.

Anos depois de terem tornado as vacas em canibais, a indústria alimentar continua a pressionar a UE para que acabe com a moratória imposta à introdução de organismos geneticamente modificados (OGM). Continuam a não haver testes que assegurem a total segurança destas variedades de plantas, e o facto de terem sido legalizadas nos EUA e estarem a ser testadas na Grã-Bretanha e Espanha não me reconforta. Pelo contrário, assusta-me. Assusta-me pelo métodos empregues.

Quais métodos, perguntam vocês? O da pressão política e suborno, respondo eu. As empresas de biotecnologia aliás não perderam tempo a colocar os seus peões no tabuleiro de xadrez da política europeia. Só alguns exemplos, da nossa mais antiga aliada:

Lord De Ramsey, plantou beterraba açúcareira para a Monsanto nas suas propriedades. Foi recompensado com a presidência da Environmental Agency, a agência governamental para a protecção do ambiente.

Paul Leinster, empregado em 1998 da Schering Agrochemicals Ltd, co-proprietário da companhia de biotecnologia AgrEvo. Mais tarde foi convidado pelo governo para presidente do directório de protecção ambiental do Environmental Agency. Ficou conhecido por em Outubro de 1999 ter proposto que as companhias agro-alimentares auto-controlassem a sua própria poluição (ora aqui está um óptimo exemplo de como destruir o organismo estatal de que se é presidente).

Prof. John Hillman, antigo membro da direcção da BioIndustry Association. Depois, foi eleito director do Scottish Crop Research Institute, governamental, que é suposto oferecer pareceres imparciais ao governo sobre biotecnologia.

Prof. Peter Schroeder, director da unidade de investigação da Nestlé, que abandonou para ser o director do instituto governamental, Institute of Food Research.


Independentemente da cor dos governos todos vão caíndo nas teias formadas por complexos apátridas, com um poder económico que faria corar de vergonha um Rockefeller ou um Morgan.

Espero que reste um pouco de bom senso à Comissão Europeia e que não levante esta moratória (prepara-se para o fazer em Abril). Espero também que a notícia avançada nas Filipinas não seja verdade, pois caso o seja, existem milhares de pessoas em risco de adoecerem, vitimas da avidez de meia dúzia de multinacionais, que vendem um logro: sementes a preço de ouro, acompanhadas de promessas de colheitas milionárias e de um contrato em que o agricultor é obrigado todos os anos a pagar royalties sobre as sementes usadas, bem como é "aconselhado" a pulverizar os seus campos com os herbicidas, pesticidas e fertilizantes sintéticos, comercializados pelas mesmas empresas, e adaptados a cada uma das suas espécies.

Há que parar com esta merda. É o meu direito. Exijo peixe espada sem mercúrio, carne de vaca sem BSE, galinha sem dioxinas nem gripe, borrego sem scrappie, vegetais sem pesticidas e, acrescento agora, milho sem antibióticos!

1 comment:

Anonymous said...

bom comeco